Resumo

A contaminação fecal dos corpos d’água destinos à recreação é um problema crônico e não tem barreiras sociais. A disseminação de doenças por essa via faz com que a identificação da contaminação seja um requisito obrigatório em todos os países. No Brasil, o Conselho Nacional do Meio Ambiente, através da Resolução CONAMA nº 274, de 29 de novembro de 2000, dispõe sobre a classificação dos corpos d’água e assegura as condições de balneabilidade regulamentando o uso de um dos três grupos que se seguem: bactérias termotolerantes, Escherichia coli ou Enterococcus sp. Em todo o mundo uso de esteróis fecais (principalmente o coprostanol) também se tem mostrado efetivo para a identificação de contaminação. No caso do litoral do Paraná, o ambiente marinho recebe a drenagem fluvial do Complexo Estuarino de Paranaguá. Este é composto por diversos canais e gamboas que podem ou não estar associadas com vilarejos ou cidades. O objetivo desse trabalho foi avaliar a contaminação fecal, no verão e no inverno, em duas gamboas (do Itiberê e das Peças) comparando-se coliformes termotolerantes, E. coli, Enterococcus sp. e esteróis fecais, relacionando-os com variáveis físico-químicas e com os padrões estabelecidos pela Resolução CONAMA n° 274. As metodologias aplicadas foram: fermentação em tubos múltiplos (coliformes termotolerantes), substrato cromogênico(E. coli e Enterococcus sp.) e cromatografia gasosa associada a espectrografia de massa (esteróis). A Gamboa do Itiberê foi considerada imprópria para banho por todos os indicadores, seja no inverno ou verão, principalmente em função da alta descarga de efluentes domésticos. A Gamboa das Peças foi considerada própria para banho por todos os indicadores, no entanto, durante o verão, o Enterococcus sp. e o coprostanol mostraram contaminação fecal significativa, provavelmente influenciado pelo aumento de turistas. Todos os indicadores utilizados mostraram-se eficientes, no entanto, o Enterococcus sp. e o coprostanol mostraram-se menos sensíveis às variações dos parâmetros físico-químicos, portanto, são indicadores fecais mais eficientes para o ambiente estuarino.